O PS e o Porto: uma história de lealdade

Por Tiago Barbosa Ribeiro

Deputado Socialista. Presidente da Comissão Política Concelhia do PS Porto.

O Partido Socialista partiu para as eleições autárquicas na cidade do Porto em circunstâncias muito difíceis que são do conhecimento público. Após a celebração de um acordo político para a governação da cidade, dando estabilidade e coesão ao executivo com resultados muito positivos nas áreas de intervenção dos socialistas e na Cultura até à morte do saudoso Paulo Cunha e Silva, o grupo político de Rui Moreira/CDS decidiu romper com o PS na 25ª hora e, a poucas semanas da entrega das listas e da realização do próprio acto eleitoral, atraiçoou quem lhe deu a mão, a competência e a maioria.

A ruptura do acordo que estava em vigor figurará como um dos momentos mais baixos da nossa política autárquica e define o carácter de quem o fez, mentindo: em momento algum o PS procurou condicionar quaisquer listas ou usurpar a identidade do grupo político alargado com quem trabalhámos de forma dedicada durante três anos e meio, concretizando o essencial do programa que tínhamos apresentado aos portuenses em 2013. Pressionado pelo CDS – que alargou muito a sua representação em todas as listas «independentes» –, condicionado por uma «comissão política» não eleita e desconhecida de todos, inebriado por estratégias de comunicação e por sondagens que atribuíam o esmagamento do sistema de partidos na cidade do Porto, Rui Moreira espetou uma faca nos seus parceiros mais representativos. O pretexto foi tão fraco como a atitude.

Os nossos adversários jogaram com o calendário e com os termos de comunicação do golpe que protagonizaram, tentando com isso esmagar o PS no Porto. Desconheciam a determinação do PS, a nossa organização, a nossa mobilização e o nosso enraizamento na cidade. Ao contrário de outros, o PS não foi criado para disputar uma determinada eleição nem tem prazo para acabar. A nossa história no Porto é notável. É história de um partido que governou a cidade e a abriu ao século XXI sob as presidências de Fernando Gomes, com o Metro do Porto, com a Porto 2001, com a erradicação de barracas, com a infraestruturação de águas e saneamento, com a criação dos pulmões verdes, com a densificação da rede viária, com o Porto Património da Humanidade, entre tantas outras conquistas que têm a marca dos socialistas. Mais recentemente, não foram poucos o que acompanharam com atenção e regozijo o trabalho de Manuel Pizarro e Manuel Correia Fernandes na vereação, bem como o de todos os autarcas socialistas eleitos.

Partido de um ponto eleitoral muito baixo e aparentemente condenado a um rolo compressor nas sondagens de Maio, o PS teve no Porto uma recuperação notável.

Fomos à luta com toda a determinação, com humildade, sem vitórias por antecipação mas sem derrotas por procuração. Fechámos listas de excelência com centenas de candidatos em toda a cidade. Estabelecemos acordos políticos com parte da esquerda portuense. Recebemos o apoio de centenas de personalidades sem filiação partidária. Apresentámos um programa consequente e mensurável com 112 medidas concretas. E fomos a todo o lado, envolvendo a cidade no nosso projecto.

Não vencemos as eleições, mas subimos consideravelmente face às últimas autárquicas, ganhámos mais votos e mais mandatos, mantendo até ao fim a indecisão sobre o desfecho desta disputa que deixou Rui Moreira num estado de enorme desorientação, atacando jornalistas e empresas de sondagens: passámos de 3 para 4 vereadores na Câmara, de 10 para 11 deputados na Assembleia Municipal e de 39 para 42 eleitos nas Assembleias de Freguesia, mantendo a larga distância a presidência da Junta de Freguesia de Campanhã.

O PS sai destas eleições reforçando a sua posição como o maior e mais representativo partido portuense, iniciando agora um exercício federador na oposição política e na apresentação de soluções alternativas para a cidade.

Respeitando quem venceu, seremos firmes e combativos no nosso escrutínio e na nossa acção, em especial nos órgãos onde não há uma única maioria a impor a sua vontade. Essa dimensão institucional não esgotará a nossa intervenção, mas terá naturalmente centralidade no nosso alargamento político e social.

Seremos, como sempre, leais ao Porto.

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