Não desistimos

Por Manuel Pizarro

Vereador do PS na Câmara Municipal do Porto. Presidente da Federação Distrital do Porto do PS

 

O Porto obteve a sétima posição na votação sobre a futura localização da influente Agência Europeia do Medicamento (EMA). Amesterdão foi a cidade escolhida, no confronto entre 18 cidades europeias.

Este resultado fica aquém da nossa expectativa, porque vamos sempre a jogo para ganhar. Ainda assim, recuso animar o pessimismo endémico que, vezes demais, tolhe a iniciativa nacional.

Trabalhámos com competência e dedicação, e deixámos caminho aberto para o futuro próximo. Não conseguimos que a nossa Cidade fosse escolhida para albergar uma grande instituição internacional mas, não tenho dúvidas, ficámos mais próximos desse objetivo.

Já o sabíamos, claro, mas demonstrámos a quem duvidava que, sob todos os pontos de vista, o Porto tem condições adequadas para acolher uma instituição de dimensão e impacto indiscutíveis, como a EMA.

Realizámos um valioso trabalho de promoção, que deu um contributo óbvio, e dos mais importantes, para afirmar a Cidade no contexto internacional, valorizando a sua identidade e o seu cosmopolitismo, credibilizando-a como local de destino de iniciativas de promoção da ciência e da sua articulação com a economia. A candidatura constituiu uma enorme campanha a favor do Porto, com um ganho de valor que não teria sido alcançável por nenhuma iniciativa de marketing turístico.

Neste processo mobilizámos a urbe, unindo o Governo, o Município, as forças políticas e instituições da mais diversa índole. Quando, na reunião do executivo municipal de 13 de junho, apresentei a proposta que despoletou todo este processo, considerei essencial esse envolvimento. Sabia ao que ia: ele foi plenamente conseguido. A candidatura coincidiu com o período da disputa eleitoral autárquica. No entanto, num debate político acalorado, foi sempre um fator de união dos portuenses e dos portugueses.

Não há que tergiversar. Quem, como eu, é adepto do Futebol Clube do Porto, recorda que foi necessária uma derrota numa final europeia, em Basileia, em 1984, para abrir caminho a uma vitória, três anos depois, em Viena.

O Porto e o País estão melhor preparados para próximas oportunidades, que vão surgir e que devemos saber enfrentar com determinação. É hora de trabalhar para afirmar a força do setor na nossa Cidade. Envolver as instituições de saúde, o ensino superior, a investigação e as empresas na criação de um cluster, o Porto Health Innovation District. Quem não vai à luta desiste da vitória, aceita antecipadamente a derrota. Essa não é a nossa marca identitária. Esse não é o Porto, e mais uma vez o mostrámos.

 

Artigo publicado no Jornal de Notícias, novembro 2017

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