Por Manuel Pizarro
Vereador do PS na Câmara Municipal do Porto. Presidente da Federação Distrital do Porto do PS
Governo decidiu que será o Porto a protagonizar a candidatura portuguesa ao acolhimento da sede da Agência Europeia do Medicamento (EMA).
É uma decisão correta, do ponto de vista do interesse nacional. Esta agência europeia mobiliza quase 900 funcionários que, com as suas famílias, representam mais de 2500 pessoas. Tem um orçamento anual de 300 milhões de euros e organiza, em cada ano, mais de 500 reuniões presenciais que envolvem a deslocação de 30 mil pessoas e cerca de um milhar de dormidas semanais.
Tudo isto explica, sem ser preciso acrescentar o que quer que seja, a dura competição entre diferentes cidades europeias pela instalação da EMA. Sem nunca resvalar para o triunfalismo, tenho como certo que o Porto é um grande candidato. É uma cidade segura, belíssima e com uma notável capacidade de acolhimento. Reunimos parte significativa do melhor que o país tem em matéria de saúde, quer falemos de unidades assistenciais, de escolas do ensino superior, de laboratórios de investigação ou de empresas com potencial inovador. Temos infraestruturas modernas e funcionais, como o aeroporto Sá Carneiro, e hotelaria moderna e requintada.
Vamos responder aos aspetos mais exigentes do caderno de encargos, com estruturas educativas para os filhos dos funcionários europeus e oferta de emprego para os seus familiares. E, estarmos inseridos numa região (ainda) com rendimento per capita muito inferior à média europeia também é relevante, porque a decisão das instituições comunitárias deve olhar para a promoção da coesão territorial.
Agora, tratemos de qualificar a candidatura nacional, que tem que ser entregue até ao final do mês. É isso, é só isso, que agora importa.
Para que sejamos bem-sucedidos, a cidade e a sua Área Metropolitana deverão prosseguir a estratégia que em tempo apresentei e que foi seguida, com o êxito agora comprovado. Há um mês, por minha iniciativa, a Câmara Municipal do Porto deliberou envolver as diferentes instituições da região, públicas e privadas. Na altura, muitos, quase todos, consideravam que esta era uma causa perdida: o Governo já decidira, estava decidido.
Sempre pensei o contrário. E quando estamos convencidos da razão que nos assiste, não há porque desistir. Foi o que o Porto fez: não desistiu.
Este processo evidencia, aliás, que os partidos e os governos não são todos iguais. O Governo do PS e o primeiro-ministro, António Costa, foram capazes de perceber que a anterior decisão tinha sido assumida com base em pressupostos incompletos e infundados e tiveram a coragem de a rever.
É imperioso que prossigamos os ensinamentos deste processo. Precisamos, como até aqui, de competência na elaboração das propostas, de capacidade para reunir os melhores argumentos e de pôr em marcha uma estratégia de comunicação adequada, no país e fora dele. É essencial assegurar e aprofundar a participação das diferentes instituições da cidade, da Área Metropolitana e da região, que qualifica e mobiliza a nossa candidatura.
Acima de tudo, não nos deixemos abater pelas dificuldades e pelos presságios dos que se apressam a renovar a ladainha pessimista. Podemos, é claro, não alcançar a vitória. Mas temos condições objetivas para vencer. E só é certo que perderemos se desistirmos de querer ganhar.
Artigo publicado no Expresso, julho 2017