Arte sacra em risco de extinção no concelho da Trofa precisa de visibilidade positiva e de condições que garantam a sua continuidade, como a instalação de um centro interpretativo em São Mamede do Coronado.
Uma delegação do Partido Socialista promoveu esta segunda-feira, 14 de dezembro, uma visita aos Santeiros de São Mamede do Coronado. A iniciativa teve como objetivo alertar para a importância da atividade secular desenvolvida pelos artesãos e para a necessidade da defesa do património da arte sacra no concelho da Trofa.
A comitiva composta por Manuel Pizarro, presidente da Federação Distrital do Porto do Partido Socialista, Amadeu Dias, presidente da Comissão Política Concelhia da Trofa e vereador na Câmara Municipal, José Ferreira, presidente da Junta da União de Freguesias do Coronado, Joana Lima, coordenadora dos deputados do PS eleitos pelo distrito do Porto, Rosário Gambôa, coordenadora do PS na Comissão Parlamentar da Cultura, e Eduardo Barroco de Melo, deputado à Assembleia da República, visitou os santeiros Jorge Brás e Augusto Ferreira.
O trabalho destes artesãos reveste-se de grande importância cultural e merece ser adequadamente valorizado com iniciativas que aumentem a sua notoriedade. “É urgente que se tomem medidas para valorizar o trabalho dos artesãos e para garantir o seu futuro. E para isso é preciso tomar medidas concretas hoje com a instalação de um centro interpretativo desta arte, melhores condições de trabalho aos artesãos e atrair jovens para esta atividade, e esse é um processo delicado e demorado”, afirmou Manuel Pizarro. Para o presidente da Federação Distrital do Porto do PS “não se pode falar dos santeiros e depois não se fazer nada” porque esta “é uma arte que está em perigo de extinção”. Já Amadeu Dias, presidente da Concelhia do PS da Trofa e vereador na Câmara Municipal sublinhou “que os nossos santeiros precisam é de visibilidade positiva. Por exemplo, de um centro interpretativo, que as pessoas possam visitar e ver o trabalho dos santeiros”.
Os Santeiros de São Mamede do Coronado foram eleitos uma das “7 Maravilhas da Cultura Popular”, um acontecimento positivo, que reconhece a qualidade e o valor artístico do trabalho artesanal realizado há mais de um século. Infelizmente, esse reconhecimento ficou manchado pelo comportamento incompreensível da Câmara Municipal da Trofa que, segundo alegações não desmentidas, gastou perto de 75 mil euros em chamadas telefónicas de valor acrescentado no concurso da RTP.
Amadeu Dias refere que foi entregue na autarquia um requerimento para apurar o valor total gasto em chamadas. Manuel Pizarro lamenta “que a Câmara da Trofa tenha adotado comportamentos que são eticamente inaceitáveis e muito duvidosos do ponto de vista da gestão dos fundos públicos”. Para o líder distrital e eurodeputado “os santeiros de São Mamede do Coronado não precisam de batota para serem considerados uma das maravilhas da cultura popular portuguesa”.