Manuel Pizarro reclama entrada do Estado no capital dos CTT
Para acabar com a degradação do serviço postal, o socialista pede que a Auditoria ao processo de privatização dos CTT solicitada pelo PS na Assembleia da República seja tornada pública.
Manuel Pizarro denunciou a degradação do Serviço Postal Universal e apontou como única solução o regresso do Estado à estrutura acionista e à gestão da empresa.
O eurodeputado e presidente da Federação socialista do Porto falou esta manhã na cerimónia de tomada de posse da Secção de Ação Setorial dos CTT da Federação Distrital do Porto do PS.
Manuel Pizarro apontou o dedo à forma leviana e irresponsável como a privatização dos CTT foi conduzida pelo Governo do PSD e do CDS: “o País tem o direito de saber quem são os responsáveis por esta operação prejudicial aos portugueses, quem elaborou e aprovou um caderno de encargos que nem sequer assegura a obrigatoriedade de manter um espaço dos CTT em cada Município, quem permitiu que a gestão privada de uma empresa que presta um serviço público essencial pudesse alienar de forma ruinosa o património acumulado ao longo de mais de um século”.
“É essencial conhecer as respostas a estas perguntas para que quem cometeu este ato seja responsabilizado e para que não se repitam decisões como estas, prejudiciais ao interesse público”, afincou o socialista, que exige que a Auditoria ao processo de privatização dos CTT, pedida pelo Grupo Parlamentar do PS na Assembleia da República em 2017 e realizada pela Inspeção Geral de Finanças, seja tornada pública e debatida de modo transparente. “Não se pode compreender que esta Auditoria seja mantida em segredo”, disse o presidente da Distrital socialista que desafiou mesmo o Grupo Parlamentar do PS a, em função dos resultados dessa Auditoria, propor a constituição de uma Comissão Parlamentar de Inquérito às privatizações dos anos da troika.
Sem esquecer o apuramento das responsabilidades pela situação presente, Manuel Pizarro concentrou a sua intervenção na solução para o problema: “Portugal necessita de um Serviço Postal Universal de confiança e proximidade, que ajude a combater o isolamento, que contribua para a coesão territorial e para o desenvolvimento do interior e que não bloqueie o funcionamento da economia. Para isso, impõe-se que o Estado regresse ao capital social e à gestão desta empresa. Só o Estado está em condições de garantir que o interesse público comanda as decisões de quem manda nos CTT”.
Ocorrendo em 2020 a renegociação do contrato de concessão do Serviço Postal Universal, Pizarro considera que é agora que o Estado tem condições para tomar esta decisão, essencial para proteger os Portugueses. “A gestão privada dos CTT falhou. Atuou de forma gananciosa e predadora, visando os resultados imediatos e desprezando os interesses e necessidades das pessoas e as obrigações do serviço público. Degradou os níveis de serviço e alimenta um conflito com o regulador, desrespeitando as suas exigências. Os CTT, empresa respeitada e rentável quando pertencia ao Estado, veem a sua reputação posta em causa e perderam grande parte do valor. Se o Estado não intervir é o próprio Serviço Postal Universal que está em causa e isso é inaceitável”, remata o dirigente socialista.