“A ÁREA METROPOLITANA DO PORTO PRECISA DE MAIOR DINAMISMO PARA DEFENDER OS INTERESSES DA REGIÃO”

“A Área Metropolitana do Porto precisa de maior dinamismo para defender os interesses da região”

 

Na última edição d’O Mensalista, jornal da Juventude Socialista da Federação Distrital do Porto, Bruno Silva Soares esteve à conversa com o líder federativo e atual vereador da Habitação e Ação Social da Câmara Municipal do Porto, Manuel Pizarro. Em cima da mesa esteve o dia a dia do PS no executivo municipal do Porto; a sua relação com o presidente da autarquia, Rui Moreira; os desafios que encontra na liderança federativa do PS, no processo de construção autárquica e na Área Metropolitana; bem como a nova maioria parlamentar de esquerda.

 

No ano de 2013, o Partido Socialista do Porto voltou a pertencer a um executivo municipal. Como foi esse processo de voltar a colocar o PS Porto no executivo e no dia a dia das decisões na cidade do Porto?

Vivemos no Porto uma situação fora do vulgar, em que o PS aceitou integrar um executivo depois de ter perdido as eleições. Fizemo-lo por três razões. Em primeiro lugar porque havia uma grande proximidade entre o programa do vencedor, Rui Moreira, e o nosso programa para a cidade. Depois, porque o presidente eleito, Rui Moreira, nos fez o convite em condições de grande dignidade, respeitando a posição e a importância do PS. Finalmente, porque entendemos que o interesse do Porto e dos portuenses devia estar à frente de qualquer visão estreita do interesse partidário. Em meu entender os partidos existem para servir o interesse geral e se, ao serviço dessa missão, puderem concretizar o seu programa, é isso que devem procurar fazer.

 

E hoje, como faz a avaliação do trabalho desenvolvido na Camara Municipal do Porto em conjunto com o Presidente de Camara Rui Moreira?

Faço – fazemos no PS / Porto – uma avaliação muito positiva. No último momento de prestação de contas à cidade, no início deste ano, concluímos que a Câmara Municipal do Porto já executou 87% dos compromissos eleitorais assumidos pelo PS. Acho que os cidadãos têm consciência de que o PS participa ativamente numa governação rigorosa, de profundo sentido democrático, aberta à participação das pessoas e das instituições, que tem promovido a atração de atividade económica, a coesão social e a valorização da cultura. Sentimo-nos muito bem nesta governação e temos tido com o presidente, Rui Moreira, uma relação de grande respeito mútuo e de total lealdade de parte a parte.

 

A par do regresso do Partido Socialista ao executivo municipal da Camara Municipal do Porto, também se candidatou à Federação do PS Porto. Como foi esta vontade e este processo de candidatura? Quais os grandes desafios para esta Federação? E a Federação da Juventude Socialista do Porto?

Candidatei-me à Federação por pensar que posso dar um contributo para uma maior afirmação do PS na vida do distrito e da região e por sentir que reunia condições para unir os socialistas. Entendo que os que, como nós, se revêem nos valores do socialismo democrático têm que travar uma batalha ideológica contra os populismos e contra a dominação das ideias neoliberais que formatam hoje a direita europeia e nacional. Esse combate político é especialmente exigente junto dos jovens e, por isso, exige que estes sejam protagonistas destacados da nossa ação política. Por isso estou tão empenhado na renovação de protagonistas do PS, na valorização dos mais novos e, em particular, numa relação de grande abertura com a JS. O PS precisa muito da sua juventude. Temos que trabalhar para que a JS sinta isso em todos os momentos.

 

Neste momento, vivemos perante uma nova solução governativa, que marca o inicio de um novo capitulo na historia da nossa democracia. Caro Camarada, como vê esta solução de Governo do PS, com acordos à esquerda? 

Acho que vivemos, no plano político, um momento exaltante, de esperança e de confiança. Parece-me decisivo que, 40 anos após o 25 de abril, tenha sido possível romper o círculo vicioso do “arco da governação”, que limitava a autonomia estratégica do PS. Os nossos dias, com a radicalização neoliberal da direita, colocam novos desafios políticos. O governo PS, apoiado por um acordo com os partidos à nossa esquerda, parece-me uma resposta adequada a esta situação. Não vejo como seria possível construir uma alternativa subjugando o PS às ideias conservadoras do PSD, para quem o empobrecimento dos portugueses, o agravamento das desigualdades e a humilhação do país no contexto europeu parecem ser factos normais. Um governo de diálogo, que cumpre o seu programa, é muito importante para afirmar o PS e para trazer de novo a confiança à relação entre os cidadãos e a política.

 

Passando novamente para o panorama distrital, mais concretamente na Área Metropolitana do Porto, como foi este processo que levou o Presidente da Câmara de Santa Maria da Feira a Presidente da AMP? Com uma grande influência da sua parte na AMP e nas decisões da mesma, o que podemos esperar para os próximos anos por parte da AMP?

Em 2013, na sequência das eleições autárquicas, as direções distritais do PS e do PSD fizeram um acordo sobre a governação da Área Metropolitana do Porto. Na altura exprimi a minha discordância com esse acordo, que atribuía a presidência a um autarca indicado pelo PSD, apesar de o PS ter tido muito mais votos, mesmo sem contar com as autarquias independentes de Matosinhos e do Porto, com as quais estávamos em condições privilegiadas para estabelecer pontes. Em todo o caso, entendo que o PS deve honrar os acordos que estabelece e, por isso, estando em causa a substituição do presidente neste mandato, a escolha cabe ao PSD. Espero no entanto que, na sequência das eleições autárquicas de 2017, o PS ganhe a maioria das Câmaras e, com isso, a presidência da Área Metropolitana, que precisa de um muito maior dinamismo para defender de modo adequado os interesses da região. Há muitos problemas, desde a mobilidade ao ambiente ou à atração de investimento, que beneficiam de uma escala metropolitana para serem bem resolvidos.

 

Por fim, e como não poderia deixar de ser, pois estamos em ano de eleições autárquicas, como tem sido conduzir os mais variados processos de aprovação de candidatos, do apoio dado às concelhias? O que podemos esperar destas eleições por parte da Federação do PS Porto?

A seleção dos candidatos tem corrido muito bem, com grande união entre os socialistas. As escolhas estão praticamente encerradas. Em Matosinhos foi necessário avocar o processo mas, depois de tanto tempo de divisão entre os socialistas que motivou, aliás, a derrota autárquica de 2013, esse seria sempre um processo complexo. Julgo que estamos em condições de reforçar o peso autárquico do PS, vencendo a maioria das câmaras do distrito e passando a liderar a Área Metropolitana. O PS proporá aos cidadãos do distrito candidaturas respeitadas, de abertura, com um programa claro de promoção da cidadania democrática, do desenvolvimento económico, da coesão social e da cultura. Essa atitude de coerência vai ajudar-nos a vencer.

 

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