Linha do Vale do Sousa: Debate Online em defesa do projeto ferroviário visto por 3 mil pessoas
Os responsáveis políticos foram unânimes na defesa da concretização da Linha do Vale do Sousa no debate online e em direto com perto de 3 mil visualizações e um alcance de cerca de 6 mil pessoas. O projeto, fundamental para o desenvolvimento da região, é encarado como uma realidade e não como uma utopia.
Três mil pessoas responderam à chamada e assistiram ao debate online Linha do Vale do Sousa: projeto ou utopia?, transmitido em direto esta segunda-feira, 22 de junho, na página oficial da Federação Distrital do Porto do Partido Socialista, que alcançou, no total, perto de 6 mil pessoas.
Manuel Pizarro, presidente da Federação Distrital do Porto do PS, convidou o Secretário de Estado das Infraestruturas, Jorge Delgado, o Secretário Executivo da Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa, Telmo Pinto, e os autarcas e responsáveis políticos socialistas da região, para debaterem os argumentos que farão do projeto da linha ferroviária do Vale do Sousa uma realidade e não uma utopia.
O traçado previsto para a nova linha representa um investimento de 181 milhões de euros em infraestruturas e de cerca de 27 milhões de euros em material circulante, como explicou Telmo Pinto, Secretário Executivo da Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa. Um estudo, da autoria de Álvaro Costa, Professor da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e especialista em mobilidade, estabelece ainda que, só num raio inferior a 1 km das estações, esta linha servirá 36 mil pessoas. “É um número muito importante”, segundo Telmo Pinto, que destacou na apresentação que levou a cabo no debate online, que com a concretização deste projeto, as viagens de comboio serão muito mais curtas até ao Porto. Assim, Paços de Ferreira ficará a 35 minutos, Lousada a 43 minutos e Felgueiras a 51 minutos da cidade invicta.
No estudo, aprovado na reunião do Conselho Intermunicipal do Tâmega e Sousa no mês de maio, “foi ainda identificada a pertinência de retomar a ligação de Amarante até Livração, no Marco de Canaveses, entroncando na Linha do Douro. Neste trajeto, o investimento necessário está estimado em 33 milhões de euros.
“A receita estimada para esta nova linha é de cerca de 9 milhões de euros anuais, com um custo estimado, também anual, de 4 milhões de euros. Se somarmos a este valor as externalidades positivas que provocamos no território e na mobilidade, podemos estimar que temos um benefício de cerca de 10 milhões de euros”, garantiu Telmo Pinto, Secretário Executivo da CIM do Tâmega e Sousa.
Manuel Pizarro: Linha do Vale do Sousa tem utilidade económica, social, ambiental e custo razoável
O projeto ferroviário incorporará a resposta há muito tempo aguardada pela sub-região do Vale do Sousa e trará benefícios para toda a população da região mais alargada do Tâmega e Sousa, que apesar dos altos índices de produtividade e do franco crescimento económico, é uma das regiões mais pobres do país.
“É uma zona muito populosa, com uma economia muito pujante e cujos indicadores de desenvolvimento social são persistentemente maus na comparação nacional”, afirmou Manuel Pizarro. O presidente da Federação Distrital do Porto do PS defende que “as pessoas desta região, uma das mais jovens e mais produtivas do país, têm direito a aceder a esta mobilidade que mudará a qualidade de vida e permitirá a utilização do transporte público a preços aceitáveis”. Além disso, a aposta na ferrovia irá contribuir para “descongestionar as estradas nos acessos à Área Metropolitana do Porto”. Por isso, é clara a “absoluta utilidade económica, social e ambiental” de uma linha que tem “um custo razoável”, disse Manuel Pizarro.
O eurodeputado referiu, ainda, que “nesta altura em que estamos a negociar um enorme pacote de recuperação para a economia dos países da Europa, e também para Portugal, são necessários projetos como este que permitam investir o dinheiro em ideias que alimentam um futuro melhor”.
Manuel Pizarro reconheceu que “o país tem uma dívida para com a região do Tâmega e Sousa, que tem que ser olhada como uma das grandes alavancas para nossa economia”, rematando que “parte dessa dívida pode ser paga com a Linha do Vale do Sousa”.
Autarcas e Presidentes de Concelhia unânimes na defesa da concretização da Linha do Vale do Sousa
Um “projeto determinante e exequível” foi assim que Pedro Machado, presidente da Câmara Municipal de Lousada, caracterizou o plano para avançar com a ferrovia no Vale de Sousa. O autarca defende que o traçado é “necessário”, “sustentável do ponto de vista ambiental e do ponto de vista económico”, usufruindo de um “ambiente politicamente favorável” para a sua concretização com o empenho do Governo do Partido Socialista e do apoio financeiro da União Europeia. De acordo com Pedro Machado, “na última década, Portugal e a Região Norte, perderam população, e Lousada, Felgueiras e Paços de Ferreira viram a sua população crescer.” Estes concelhos, tal como Paredes e Penafiel são “dos mais jovens de Portugal Continental”. Por isso, segundo o autarca lousadense, “ninguém questiona a necessidade deste projeto para a região”, que “assenta que nem uma luva” na resposta à necessidade de assegurar os movimentos pendulares das populações.
Já José Santalha, presidente da Comissão Política Concelhia do PS de Lousada afirmou que a Linha do Vale do Sousa irá diminuir “o tráfego das autoestradas em direção à Área Metropolitana do Porto com deslocações rápidas e a custos baixos”. Para Santalha, a Linha do Vale do Sousa pode ser utlizada como um “antibiótico para tentar resolver alguns problemas endémicos que estão diagnosticados nesta terra” e trazer para o interior do distrito do Porto “mão de obra qualificada”.
Já Nuno Fonseca, presidente da Câmara Municipal de Felgueiras afirmou-se como “um acérrimo defensor desta linha”, sustentando que terá de ser realizada no mais curto espaço de tempo. “A utopia será se todos nós não estivermos unidos à volta do projeto que não pode ser visto apenas como um sonho”, disse o autarca felgueirense, relembrando que “esta zona representa muita para a economia mundial, nos setores do têxtil, do calçado e do mobiliário”. Também o presidente da Comissão Política Concelhia do PS de Felgueiras, Marco Silva, destacou que esta “é das regiões mais pobres do país, mas também uma das regiões que mais produz e que mais exporta”, dizendo ainda que “só uma infraestrutura como esta é capaz de retirar a região do Tâmega e Sousa da cauda da pobreza da Europa”, apelando ao Governo para que dê “um sinal claro e inequívoco de que esta região é importante para o país”.
Hugo Carvalho, presidente da Comissão Política Concelhia do PS de Amarante, enfatizou que este é um projeto abrangente: “a importância de debatermos este tema e a oportunidade política neste momento, quanto estamos a discutir o novo quadro comunitário e o novo pacote financeiro da Europa para Portugal, fruto do COVID-19, sobrepõe-se a qualquer lógica de calendário partidário. Este projeto deve unir-nos para defender esta região. Portanto, quero felicitar a Federação do Porto do PS por fazer este debate”. O deputado do Grupo Parlamentar do Partido Socialista realçou ainda que “esta questão só se coloca em cima da mesa porque temos um Governo do Partido Socialista que rompeu por completo com o paradigma de não se investir na ferrovia”
Também Cristina Vieira, presidente da Câmara Municipal e da Comissão Política Concelhia do PS de Marco de Canaveses acredita “que este projeto será muito brevemente uma realidade” tendo em conta que “temos tido provas de que este Governo demonstra uma importância muito grande na restruturação da ferrovia”. A autarca destacou que a “reativação da linha da Tâmega, entre a Livração e Amarante, tem uma especial importância turística, mas também na mobilidade da região”.
O argumento é secundado por Humberto Brito, presidente da Câmara Municipal de Paços de Ferreira, que referiu que “este é um projeto nacional e que estão reunidas as condições com o Governo do Partido Socialista, que é um governo atento a suprir as necessidades e a responder às ambições de melhorar a qualidade de vida das populações”. Humberto Brito salientou que as “contas certas” e “um Partido e um Primeiro-Ministro de compromissos” permitem antecipar que “este compromisso com esta região seja levado adiante”. O autarca pacense ainda reconheceu o “empenho de Manuel Pizarro para que este projeto se possa concretizar como uma ambição natural e legítima de toda a população”. Do mesmo modo, Armanda Fernandez, presidente da Comissão Política Concelhia do PS de Paços de Ferreira, realçou a “aposta do Governo, do Primeiro-Ministro e do Ministro das Infraestruturas na ferrovia”, que será fundamental na “área desta linha que tem um tecido empresarial forte”, sendo assim necessário assegurar o “transporte de mercadorias”.
Jorge Delgado: “Está na altura de olhar para a frente na ferrovia”
Para o encerramento do debate online, a Federação Distrital do Porto do PS convidou o Secretário de Estado das Infraestruturas, Jorge Delgado.
“Está na altura de olhar para a frente e além de recuperar o que existe, pensar como podemos ampliar a nossa rede ferroviária”, garantiu o governante em resposta às reivindicações do poder político local. Sobre o projeto ferroviário para o Vale do Sousa, Jorge Delgado assegurou que “esta linha tem potencial, é preciso estudá-la economicamente e ambientalmente. Este estudo é um primeiro sinal positivo, mas agora é preciso passar para um nível de detalhe mais profundo. São projetos complexos de investimento elevado e têm que ser ponderados”.
O Secretário de Estado reafirmou que a ferrovia é uma “prioridade fundamental” do Governo do Partido Socialista que tem em curso o Programa Ferrovia 2020, assente na modernização das linhas de comboio atuais e na recuperação do material circulante. O projeto da Linha do Vale do Sousa consta do Plano Nacional de Investimentos 2030 – PNI2030, e segundo Jorge Delgado, encontra-se agora na fase de estudo, aguardando os contributos do Conselho de Obras Públicas.
“Queremos, a partir de setembro, avançar com um debate publico sobre a elaboração do Plano Ferroviário Nacional e este é o momento certo para inscrever esta linha nesse plano, como uma linha que possa fazer parte da rede ferroviária nacional”, defendeu o Secretário de Estado das Infraestruturas.
Respondendo às ambições dos responsáveis políticos e das populações, Jorge Delgado encerrou o debate online afirmando que “a região do Tâmega e Sousa beneficiará muito com esta linha. Há esperança para este projeto que já está no mapa. Não é unicamente um desejo”.