Os truques nas contas de Rui Rio

Os truques nas contas de Rui Rio

Por Manuel Pizarro, Presidente da Federação Distrital do Porto do Partido Socialista

Rio foi um autêntico predador do património do Porto, escondendo da cidade que vendeu tudo o que podia, aplicando a grande maioria da receita em despesa corrente e só marginalmente reduzindo a dívida.

Toldado pelo ambiente da campanha eleitoral, Rio regressou aos piores momentos da sua arrogância e escolheu como alvo Mário Centeno, a quem, imagine-se, quer agora ensinar a fazer contas.

Rio baseia essa atitude de suposta superioridade nos resultados por si conseguidos enquanto presidente da Câmara Municipal do Porto.

Parece-me, por isso, de interesse para os portugueses conhecerem a realidade da gestão financeira do líder laranja na cidade invicta. Os números que apresento são oficiais e foram obtidos junto dos serviços do município.

Quando Rio chegou à Câmara, no final de 2001, a dívida total era de 154,6 milhões de euros. No final dos seus mandatos, em 2013, a dívida era de 111 milhões de euros. Isto é, em 12 anos, a dívida baixou 44,6 milhões de euros.

Mas, no mesmo período, a diferença entre os imóveis alienados e adquiridos pelo Município foi de 159 milhões de euros. Isto é, para pagar 44 milhões de euros, Rio alienou dezenas de imóveis e terrenos de propriedade municipal, de valor mais de três vezes superior. Para dar imagem de homem de boas contas, Rui Rio hipotecou o futuro do Porto, diminuindo a margem de liberdade e de ação política dos executivos que vieram a seguir. E que falta fazem a uma política de habitação moderna e integradora as dezenas de prédios que Rio vendeu, a preço de saldo, no Centro Histórico da cidade.

Rui Rio foi um autêntico predador do património do Porto, escondendo da cidade que vendeu tudo o que podia, aplicando a grande maioria das receitas em despesa corrente e só marginalmente reduzindo a dívida.

Como termo de comparação, nos quatro anos seguintes, entre 2013 e 2017, com Rui Moreira como presidente da Câmara e com o PS a participar ativamente na governação, a dívida reduziu-se de 111 para 45,8 milhões de euros. No mesmo período, o resultado líquido da compra e venda de património foi de 1,7 milhões de euros. Isto é, a Câmara pagou mais de 65 milhões de euros de dívida quase sem alienar património. Realço que este resultado foi conseguido nos anos de chumbo da governação PSD/CDS, com cortes significativos ao financiamento das autarquias.

Estes números mostram que falta a Rui Rio autoridade técnica e política para criticar Centeno.

Em quatro anos de governação económica e financeira socialista, Mário Centeno conseguiu acertar sempre nas previsões e até mesmo excedê-las. E para isso não foi necessário, sequer, um único orçamento retificativo.

Com o Governo de António Costa, o país alcançou, ano após ano, a melhor gestão orçamental da democracia portuguesa, com deficit residual.

Em 2017; 2018 e 2019 a economia portuguesa cresceu mais do que a média europeia. Foi assegurado o aumento dos salários e pensões e a reposição dos cortes do Governo PSD /CDS. O desemprego baixou para menos de metade, com a criação de mais de 350 mil novos postos de trabalho. A dívida pública começou a diminuir, os juros pagos pelo Estado português estão nos níveis mais baixos de sempre, as agências de rating passaram a ter uma apreciação positiva sobre o nosso País.

E, contrariamente ao que defendiam PSD/CDS, tudo isto foi conseguido sem privatizações e alienação de património, garantindo assim o futuro do país.

Artigo publicado em Observador, outubro de 2019


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